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As origens
irlandesas
dos Kelly Family, que marcaram forte presença na música da banda ao
longo de grande parte da sua carreira, remontam a meados do
século XIX, altura em que milhões de irlandeses emigraram para os
Estados Unidos para escapar à pobreza e à fome no seu país de origem. Entre eles estava
Sean O'Kelley (bisavô dos irmãos que viriam a formar a banda), na altura uma criança, que partiu com os seus pais para o estado do
Michigan.
A família decidiu "americanizar" o apelido para facilitar a integração,
passando a chamar-se Kelly. Sean Kelly teve vários filhos, que lhe
deram vários netos, entre eles
Dan Kelly. É com ele que começa verdadeiramente a história dos Kelly Family.
O início
Em 1957 Dan casa-se com
Joanne (segundo algumas fontes, Jenny ou Juana
[1][2]), com quem tem quatro filhos:
Danny (1961),
Caroline (1962),
Kathy (1963) e
Paul (1957). Sabe-se que em 1966 Dan emigrou com os filhos para
Gamonal, no sul da
Espanha, mas enquanto o site oficial dos Kelly Family afirma que o fez já com a sua nova companheira,
Barbara Ann Suokko, americana de ascendência
finlandesa e
tirol, são vários os
fansites[1]
segundo os quais Joanne emigrou com Dan e os filhos e, já em Espanha,
tendo o casal contratado Barbara Ann como ama, esta e Dan Kelly se
apaixonaram e Joanne regressou aos Estados Unidos (um outro
fansite,
um dos mais importantes e visitados pelos fãs de Kelly Family, sugere
que Barbara Ann acompanhou Dan, Joanne e família aquando da mudança
para Espanha, já no papel de ama das crianças
[3]).
Na Europa
Apesar das dúvidas, aquilo que se tem como certo é que Dan e Barbara
casaram em 1970, quando da sua união haviam já nascido dois filhos:
John (1967) e
Patricia
(1969). A casa onde viviam no sul de Espanha era pobre, sem
electricidade e sem água, e a oferta de entretenimento na zona era
escassa, pelo que as crianças cantavam e dançavam para se divertir. A
certa altura o grupo começa a ser convidado para actuar em
aniversários, casamentos e festas populares.
Jimmy nasce em 1971 e
Joey em 1972, altura em que Dan Kelly decide fechar a loja de antiguidades que mantinha em
Toledo e passa a actuar com os filhos.
Em 1973 mudam-se para
Belascoain, uma pequena aldeia perto de
Pamplona, onde Dan abre um bar de artistas chamado "La Viana". Em 1974 o grupo passa a ter um nome,
Kelly Kids, e no ano seguinte, em que nasce
Barby,
actua pela primeira vez na televisão espanhola. Mais uma vez, Dan
decide fechar o negócio e a família começa uma digressão pela Espanha,
cantando pelas ruas. Em 1976 resolvem fazê-lo na
Itália, mas em
Roma
acontece um imprevisto: o autocarro em que viajavam é roubado. Apenas
com a roupa do corpo, os passaportes e os instrumentos, começam a tocar
na rua por necessidade. No fim do primeiro dia haviam recolhido uma
quantia considerável, pelo que Dan diz aos seus filhos: "Crianças, a
nossa vida mudou!"
[4].
A família começa então a percorrer a Europa, ganhando a vida a cantar nas ruas. Em
Viena,
convidados pelo director Bernhard Paul, aceitam participar dos
espectáculos do Circo Roncalli, (o que voltaria a suceder quase 30 anos
volvidos), regressando depois à estrada. Em 1977 Dan compra um
autocarro vermelho de dois andares, tipicamente britânico, no qual é
pintado o recém-criado logotipo da banda, que passa a chamar-se
The Kelly Family. O "
double decker bus",
como ficou conhecido, passaria a ser o transporte e a casa dos Kelly
durante vários anos e uma das imagens de marca deste período da sua
carreira. Durante a digressão nascem outros dois filhos:
Paddy, em 1977, na
Irlanda, e
Maite, em 1979, na
Alemanha.
É em 1994, com
Over The Hump, que começa a revolução. Pela primeira vez um álbum dos Kelly Family chega ao top 100 alemão
[5],
onde permanece durante 111 semanas (de Setembro de 1994 a Outubro de
1996), 52 delas no top 10, atingindo e mantendo o número 1 durante
várias semanas. Também os quatro singles de Over The Hump fazem grande
sucesso, sobretudo o primeiro,
An Angel, que atinge o número 2
na tabela de vendas. Os Kelly Family não viam um single seu no top 100
alemão desde aquele que os tornou conhecidos em 1979. Com Over The Hump
a banda conquista uma enorme legião de fãs, cruzando fronteiras
geográficas que até aí não havia conseguido ultrapassar, ao figurar nos
tops não apenas da Alemanha, Bélgica e Holanda mas também de vários
outros países europeus, como a
Áustria e alguns países da
Europa de Leste. As ruas, tendas e pequenas salas dão lugar a grandes pavilhões e estádios.
Depois do álbum de Natal
Christmas For All (1995), também bem sucedido em termos de vendas, o êxito de Over The Hump repete-se no trabalho seguinte,
Almost Heaven (1996). O álbum entra directamente para a primeira posição, que mantém ao longo de 6 semanas, enquanto
I Can't Help Myself
é o primeiro (e até ao momento único) single dos Kelly Family a subir
ao número 1 nos tops alemães. Com este álbum, o sucesso dos Kelly
Family estende-se a ainda mais países europeus, incluindo
Portugal.
Ainda em 1996, os Kelly Family são convidados a cantar as versões
alemã e espanhola da canção "God Help the Outcasts", tema principal do
filme da
Disney "
O Corcunda de Notre Dame". Apesar de cantadas pela banda, "
Gott Deine Kinder" e "
Que Dios Ayude" (também chamada "
Dios Ayude A Los Marginados" ou "
Oración de Esmeralda") não foram compostas pelos Kelly Family.
A nível pessoal, é também em 1996 que os Kelly Family resolvem fazer uma aproximação às origens, comprando um castelo na
Irlanda, onde passam a viver. Regressariam à
Alemanha em 1998, passando a morar no famoso
Castelo de Gymnich, que durante muitos anos acolheu figuras importantes da política mundial em visita oficial à Alemanha
[7].
Em 1997 e 1998 os Kelly Family lançam
Growing Up e
From Their Hearts, que atingem grande sucesso, embora inferior aos dois álbuns anteriores
[5]. Seriam os dois últimos álbuns de originais da banda no
século XX.
Nesta altura, Jimmy afasta-se um pouco da banda e, apesar de participar
dos álbuns, raramente sobe ao palco com os irmãos; quem passa a
fazê-lo, mas apenas durante alguns meses, é
Adam Kelly, primo direito dos membros dos Kelly Family.
Em 1999 são lançados um álbum duplo ao vivo (
Live Live Live), uma compilação de
bonus tracks (
The Bonus-Tracks Album) e um
Best Of em dois volumes. Originais, além de três temas inéditos incluídos no
best of, apenas dois singles: o primeiro,
The Children Of Kosovo (cujos lucros reverteram para o projecto Child Friendly Spaces da
UNICEF),
é na realidade um semi-original, já que se trata de uma canção do álbum
WOW ("When The Last Tree...") com nova letra (o single inclui cinco
versões: em
inglês,
francês,
alemão,
luxemburguês e
neerlandês); o segundo,
Saban's Mystic Knights of Tir Na Nog, é o tema do genérico da série
Mystic Knights of Tir Na Nog, da
FOX.
No mesmo ano, é lançado
The Very Best of Kathy Kelly,
incluído na discografia oficial dos Kelly Family mas já um primeiro
passo no sentido da carreira a solo que Kathy ambicionava há alguns
anos. No fundo, trata-se de uma compilação de temas seus incluídos em
álbuns dos Kelly Family (alguns regravados, outros na mesma versão) e
três originais, não ficando claro se a nova carreira de Kathy poria ou
não em causa a sua permanência na banda.
Em 2000 os Kelly Family ainda dão alguns concertos, mas segue-se um
hiato de dois anos na sua carreira, durante os quais as escassas
notícias que vêm a público são de cariz pessoal: soube-se que John
casou, Joey e Angelo foram pais e Patricia casou e foi mãe; soube-se
ainda que passaram a viver em casas próprias na cidade de Colónia ou
arredores, tendo mais tarde vendido o Castelo de Gymnich. Muitos
pensaram que a carreira da banda havia terminado.
A "nova era"
Em 2002 dá-se o regresso. Sem Kathy e Johnny, e com Barby a
participar do álbum mas a não surgir nas fotografias promocionais. Não
marcaria presença também nos concertos. O primeiro álbum desta "nova
era" é
La Patata, que obtém relativo sucesso. Os Kelly Family estão claramente diferentes: em termos de sonoridade, afastam-se do
folk e da
world music e passam a um
pop mais adulto, abrindo-se também mais espaço para o
rock.
Também a indumentária se altera, e as roupas espalhafatosas e coloridas
dão lugar a formas e cores mais discretas, mais convencionais. A
participação de músicos contratados no álbum não é inédita, mas é-o o
facto de na digressão do La Patata a banda ser acompanhada em palco por
músicos de apoio que não fazem parte da família Kelly. Além da
Kel-Life, surge neste álbum outra marca registada, a
Kelsongs, que passa a deter os direitos de autor sobre a música dos Kelly Family.
Kathy prosseguiu a sua carreira a solo, e de Barby foi dito que
estava a descansar do mundo do espectáculo. Sobre Johnny nada se soube,
mas foi o próprio quem, mais tarde, confessou ter preferido afastar-se
por razões que explica num comunicado publicado no site da esposa
[8] (cuja reprodução sem autorização é proibida, pelo que não será citado na Wikipédia). A referida esposa de John é
Maite Itoiz
(filha de Carlos Itoiz, antigo professor de guitarra dos irmãos Kelly)
que, em criança, chegou a tocar com os Kelly Kids. Após o casamento em
2001, John mudou-se para
Espanha e passou a trabalhar como produtor e empresário de Maite, que é cantora
lírica.
2002, o ano do regresso, fica também marcado pela participação dos Kelly Family no festival da
Eurovisão, com a canção "
I Wanna Be Loved" (incluída no álbum La Patata), que não passou à final internacional
[9]. Em Agosto do mesmo ano falece Dan Kelly, o patriarca da família, cujo funeral na
Irlanda foi presenciado por centenas de fãs.
Em 2003 Paddy lança o seu primeiro álbum a solo,
In Exile,
conciliando no entanto a nova carreira com a sua participação nos Kelly
Family. Várias letras no seu álbum têm forte conotação religiosa (
católica) e social (abordando temas como a
guerra, a
pedofilia ou o
suicídio), como de resto já era notório em algumas das canções que compôs para La Patata.
Homerun, lançado em 2004, é, até ao momento, o último álbum
de originais dos Kelly Family. Trata-se de um álbum duplo que inclui um
cd mais leve e calmo (Home) e outro mais pesado (Run) e que conta com a
participação especial de Paul, que já não tocava com a família há mais
de duas décadas. Musicalmente, Homerun segue o caminho trilhado por La
Patata, havendo também uma clara aproximação ao
jazz, ao que se sabe por influência de Angelo, cujo ex-professor de bateria,
Billy Cobham, é considerado por muitos um dos maiores bateristas do género
[10].
Ainda em 2004, a banda anuncia que Paddy recolher-se-á a um
mosteiro
para reflectir sobre a sua vida espiritual, não sabendo se algum dia
voltaria a tocar com os irmãos. Angelo vai participando como convidado
em álbuns e concertos de outras bandas, faz
drum clinics, lança dois DVDs (um deles em parceria com Billy Cobham) e começa a trabalhar no seu álbum a solo,
I'm Ready, que seria lançado em 2006; Joey dedica-se ao desporto (é praticante de
triatlo desde há vários anos); Maite parte para o
Togo
como voluntária, e após regressar dedica-se ao seu projecto a solo,
previsto para meados de 2007; também Jimmy vai planeando o seu álbum a
solo. A par de tudo isso, continuam em digressão - incluindo concertos
convencionais, espectáculos musico-circences com o circo Roncalli
(quase 30 anos depois de terem actuado com o circo de Bernhard Paul
pela primeira vez) e espectáculos acústicos (com a participação de Paul
Kelly). Os Kelly Family vivem actualmente uma fase em que procuram
explorar a sua versatilidade (não apenas musical) e colocam igualmente
grande ênfase na sua vida pessoal, sucedendo-se as notícias sobre
casamentos e nascimentos de novos membros da família.
Em 2006 é lançado o álbum
Hope, uma compilação cujos lucros revertem para a "St. John's Children", uma instituição de assistência a crianças na
Lituânia. No mesmo ano, John Kelly volta a gravar e regressa aos palcos com
Tales From The Secret Forest,
um projecto que partilha com a esposa. Por seu lado, Kathy Kelly
continua a sua carreira a solo, tendo já lançado três álbuns. Diz-se,
embora não haja confirmação oficial, que em 2007 se assistirá ao
lançamento do próximo álbum dos Kelly Family.